terça-feira, 26 de março de 2013
Os ramos das árvores nus dançam com o vento. O céu melancólico, pintado de cinzento ameaça chorar. Respira-se o fumo das castanhas assadas que viaja pela cidade. Uma multidão de gente acotovela-se nas ruas. As fachadas das casas antigas espreitam-me e conversam comigo. Abandono o mar de gente e subo a calçada de pedra. Vejo as torres sineiras da catedral que tocam o céu. Os sinos dobram e a música espalha-se pelas ruas estreitas que a neblina abraça. Do miradouro espreito o rio nervoso e a ponte de renda de ferro forjado que o atravessa. Os candeeiros ressuscitam e o fim de tarde instala-se. Desço uma outra rua mais estreita de chão de pedra e bordada por casas que se encostam como se procurassem abraços. Ouço a cantiga do rio que corre ao encontro da sua amada. Sento-me num banco de ripas de madeira e assisto aquela ópera, o rio que canta a sua dor e a saudade da sua amante. Sentas-te no mesmo camarote, ao meu lado com os cabelos cor de amêndoa, acariciados pelo vento e o olhar deitado no rio e nas gaivotas de olhar faminto. Apertas o casaco de cor de musgo e aconchegas-te como se pedisses um abraço. Faço o mesmo, mas de olhos húmidos e esqueço-me por instantes de ti e do rio, deixo de ouvir a música que ele toca e entrego-me ao vento...
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