escuto a cançao do rio que empurrado pelo vento acaricia a escadaria de
cálcario. espreito o céu azul, limpo, sem nuvens, bordado de gaivotas
que dançam, estendo os braços e abraço a cidade. respiro o perfume do
teu corpo sinuoso. o teu vestido colorido, de decote rasgado, dança com
a brisa. corro atrás de ti, com o rosto molhado de sal, pelas ruas
apertadas e decoradas com varandas de ferro forjado enfeitadas com
flores. subo e desço a calçada, embriegado pelo teu aroma. pego na tua
mão delicada, tingida de sol. envolvo a tua cintura fina com a minha mão
grosseira e granítica e dançamos, no meio da praça, cheia de sol e na
companhia das pombas que voam à nossa volta. os electricos amarelos
rasgam o chão e gritam. o sino da igreja da graça percorre as ruas
apertadas. chamo por ti, grito o teu nome que mora dentro de mim,
Lisboa!.
Não é preciso asas para voar..
sexta-feira, 29 de março de 2013
o fim de tarde aproximava-se, o sol tímido vestido de nuvens mergulhava
no mar, por detrás das rochas acariciadas pela água salgada. o vento
ameaçava uma noite fresca, uma noite de fim de Verão e trazia do mar
lembranças que me refrescavam o rosto. sentado num banco de pedra, frio,
cinzento e descnfortável, bebia o resto de sol que me abraçava a alma.
ao longe reparei em ti, olhei-te e adivinhei a cor dos teus olhos e o
calor do teu corpo. o vento empurrava-me para ti. os nossos olhos
cruzaram-se e misturaram-se por instantes e a terra cobriu-se de uma
manto verde. passaste diante de mim e foste sol que me abraçou e aqueceu
enquanto respirava o perfume do teu corpo que tremia de calor.
espreitei a candura dos teus olhos da cor da terra. sentaste-te ao meu
lado e todo o meu corpo dançou de contentamento. uma vontade do tamanho
do mar apoderou-se de mim e quiz te envolver, agarrar e perder-me dentro
de ti...
pela janela mal encostada entra no quarto o aroma quente e perfumado das
tílias que moram mesmo por baixo, no pequeno jardim que decora a
fachada da casa. Por vezes esse aroma confunde-se com o sabor a sal que o
vento de Verão rouba do mar. Nessa sinfonia de aromas, as gaivotas
passeiam-se perto e acordam o silêncio com os seus alaridos. Abro a
janela e abraço a noite aveludada. Inspiro com fome todo o ar que
consigo e aprisiono-o dentro do meu corpo. Fecho a janela e deito-me com
a companhia do perfume das tílias, do mar e da noite..
terça-feira, 26 de março de 2013
Deitado no manto de relva observo o céu manchado de um azul menino e bordado de branco. Tento adivinhar as formas que o vento desenha no céu. A minha mão procura a tua a agarra-a com firmeza. Sinto o calor do teu corpo e o meu coraçao acelera. Deito a minha cabeça no teu peito húmido e ouço a mesma música...
Confissões e Percepções da Ingenuidade: Abraçar-te e...
da maneira como este amor está escrito é impossível não amarmos o "AMOR"
Os ramos das árvores nus dançam com o vento. O céu melancólico, pintado de cinzento ameaça chorar. Respira-se o fumo das castanhas assadas que viaja pela cidade. Uma multidão de gente acotovela-se nas ruas. As fachadas das casas antigas espreitam-me e conversam comigo. Abandono o mar de gente e subo a calçada de pedra. Vejo as torres sineiras da catedral que tocam o céu. Os sinos dobram e a música espalha-se pelas ruas estreitas que a neblina abraça. Do miradouro espreito o rio nervoso e a ponte de renda de ferro forjado que o atravessa. Os candeeiros ressuscitam e o fim de tarde instala-se. Desço uma outra rua mais estreita de chão de pedra e bordada por casas que se encostam como se procurassem abraços. Ouço a cantiga do rio que corre ao encontro da sua amada. Sento-me num banco de ripas de madeira e assisto aquela ópera, o rio que canta a sua dor e a saudade da sua amante. Sentas-te no mesmo camarote, ao meu lado com os cabelos cor de amêndoa, acariciados pelo vento e o olhar deitado no rio e nas gaivotas de olhar faminto. Apertas o casaco de cor de musgo e aconchegas-te como se pedisses um abraço. Faço o mesmo, mas de olhos húmidos e esqueço-me por instantes de ti e do rio, deixo de ouvir a música que ele toca e entrego-me ao vento...
Subscrever:
Mensagens (Atom)